sexta-feira, 6 de agosto de 2010

ARTIGO CIENTÍFICO DA PÓS GRADUAÇÃO EM PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAL






ALEITAMENTO MATERNO E SUSTENTABILIDADE: NA SAÚDE E NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL




Rossany Cacholi Pignaton*




RESUMO



O aleitamento materno é um ato de sustentabilidade. É possível demonstrar que, quando ocorre o desmame precoce existe a utilização de mamadeiras plásticas, portadoras de elementos nocivos em sua composição, que comprometem a saúde humana e ambiental. A necessidade de sensibilização das gestantes pode ser feita através de equipe multidisciplinar: profissionais de saúde e educadores ambientais, preparada para ação prática na comunidade, dentro da proposta da ONU para os objetivos do milênio, em relação ao aleitamento materno e a educação ambiental, que são: acabar com a fome e a miséria, promover educação de qualidade para todos, garantir a igualdade entre sexos e valorização da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde das gestantes, combater a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA), a malária e outras doenças, priorizar a qualidade de vida e o respeito ao meio ambiente, bem como o trabalho pelo desenvolvimento.




Palavras-Chave: Aleitamento Materno. Sustentabilidade. Educação Ambiental. Mamadeiras Plásticas. Objetivos do Milênio.
























* Cirurgiã-Dentista com Pós-Graduação em Homeopatia

rossanymouji.rededobem@gmail.com






1 INTRODUÇÃO




Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde não é simplesmente a inexistência de doença, mas a plenitude de bem-estar físico, mental e social. Em saúde perfeita, é que o indivíduo encontra as condições essenciais para o seu pleno desenvolvimento. Por isso, desde o início de sua formação, na embriogênese, passando por toda a fase de gestação, parto, amamentação, o novo ser humano merece toda atenção e cuidados especiais para que se desenvolva em harmonia.

O aleitamento materno é fundamental na visão sistêmica e de fomento a uma realidade humana e ambiental saudável. A mamadeira e leites não humanos ou modificados são artifícios que não devem ser introduzidos na alimentação do lactente porque podem criar uma série de modificações em sistemas vitais, provocando disfunções orgânicas que ao longo do tempo devem ser prioritariamente evitadas.

A amamentação oferece inúmeras vantagens, inclusive do ponto de vista ambiental, porém, o hábito de amamentar vem sendo envolvido por distorções geradas por outras dinâmicas, dentre elas a susceptibilidade às influências criadas no campo social, as quais moldam o comportamento humano aos interesses das corporações em obter lucros, de modo que o desmame precoce tem sido favorecido em detrimento do aleitamento materno. A fim de modificar esse quadro, são necessárias a sensibilização e conseqüente conscientização não somente da gestante, mas também, de toda classe profissional e da comunidade em geral, para que resgate-se o método natural, a fim de proporcionar à mulher e à criança, melhores condições de saúde em todos os aspectos: físico, emocional, mental, social e ambiental.

A proposta do presente artigo é discutir, perante a comunidade, e, em especial, perante os profissionais das várias disciplinas de saúde e meio ambiente, o aleitamento materno como instrumento de sustentabilidade para a saúde do indivíduo, da coletividade e do meio ambiente.






2 SAÚDE, SUSTENTABILIDADE E ALEITAMENTO MATERNO




Segundo Luís Júnior (2004) a atual definição de saúde, dada pela Constituição da Organização Mundial de Saúde, é estritamente uma definição de saúde humana. Ampliar a dimensão de saúde: a fauna, a flora, aos recursos naturais e por conseguinte, ao meio ambiente, é fundamental para observar que dentro desse conceito está a própria noção de sustentabilidade. Relacionar os temas saúde, aleitamento materno e sustentabilidade é viável, já que o aleitamento materno gera saúde, no sentido humano e ambiental, é totalmente sustentável em sua prática e pode continuar indefinidamente a partir de uma atitude, um posicionamento em relação ao trato com a natureza como um bem renovável.

Segundo Leonardo Boff (2007), a sustentabilidade é o núcleo da cosmovisão ecológica e um dos pilares do novo paradigma para a harmonização do ser humano, para o desenvolvimento e também para a Terra, entendida como Gaia, um organismo vivo. Destaca que esse conceito emergiu séculos antes, quando a exploração de madeira das florestas européias - a fim de alimentar os incipientes fornos industriais e sua utilização na construção naval para transporte de mercadorias e finalidades de domínio militar - geraram a percepção da escassez . Desta forma, a estratégia política em razão do bem comum não foi adotada e o caminho da sustentabilidade - onde existiria mais equilíbrio na distribuição de custos e benefícios e maior preservação dos ecossistemas – não foi percorrido. Assim, o colonialismo imperou e o consumo desenfreado aflorou através da submissão da política e da ética à economia. Sinaliza que a crise ecológica atual, derivada desse contexto, ameaça o futuro da vida humana. Sugere revisões e busca de alternativas paradigmáticas.

Muito usado na atualidade, o termo desenvolvimento sustentável foi adotado oficialmente na década de 80, no Relatório Brundtland (1987), quando surgiu sua definição clássica no documento Nosso Futuro Comum: “sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

Leonardo Boff (2002) analisa o termo ''desenvolvimento sustentável' e demonstra que ''desenvolvimento'' provém da área da economia, onde o consumo é seu centro, e esse consumo esgota todos os recursos da Terra na produção frenética de bens materiais e serviços não equitativos em sua distribuição, promovendo desequilíbrio entre a população mundial e ameaçando a biosfera. E acrescenta:


A categoria ''sustentabilidade'' provém da biologia e da ecologia, cuja lógica é contrária àquela desse tipo de ''desenvolvimento''. Por ela se sinaliza a tendência dos ecossistemas ao equilíbrio dinâmico e se enfatizam as interdependências de todos, garantindo a inclusão de cada ser, até dos mais fracos. Como se depreende, unir esse conceito de sustentabilidade ao de desenvolvimento configura uma contradição nos próprios termos.[...]

A utilização política da expressão ''desenvolvimento sustentável'' representa uma armadilha do sistema porque assume os termos da ecologia (sustentabilidade) para esvaziá-los e assim mascara a verdadeira causa do problema social e ecológico (tipo de desenvolvimento) que ele mesmo é. (BOFF, 2002)


Em suas palavras finais, exalta que a categoria mestra é a sustentabilidade e não desenvolvimento. “Precisamos a Terra, a sociedade e a vida humana sustentáveis” (BOFF, 2002)

Leonardo Boff (2007) reflete sobre o excessivo consumo de nossa espécie homo sapiens/demens, que ocupou 83% do planeta e assim a Terra ultrapassou em 25% sua capacidade de recarga. Exemplifica com o nível de consumo norte-americano, onde aponta que seriam necessárias três Terras semelhantes à nossa para obter-se recursos energéticos e materiais suficientes, caso esse fosse o consumo padrão de todos os habitantes da Terra. Conclui que esse estilo de vida é totalmente insustentável e pode levar a Terra a um colapso. Lembra, como membro da comissão do ideal apregoado na Carta da Terra, sua declaração de princípios éticos para uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.

Esse conceito de sustentabilidade pode ser introduzido através da educação ambiental. No Brasil, através de uma perspectiva mais abrangente, a educação ambiental pode ir além da proposição de proteção e do uso sustentável de recursos naturais, incorporando a proposta de construção de sociedades sustentáveis.

A Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental, institui a política nacional de educação ambiental e dá outras providências, define como educação ambiental, em seu artigo 1º:

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constróem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.


E em seu Art. 2° dispõe que: “a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”.

Disso, chega-se à conclusão de que o binômio saúde-meio ambiente vincula-se ao conceito de sustentabilidade. Daí decorre que, sendo questões intrinsecamente ligadas à saúde, tanto o aleitamento materno quanto a sua substituição, por outros métodos de alimentação infantil, trazem implicações para o meio ambiente, e assim, consequentemente, o aleitamento materno está vinculado à questão da sustentabilidade. Por isso, é necessário reforçar a importância da educação ambiental aos diversos profissionais de saúde, vinculados ao tema da amamentação, com o objetivo de aplicar os paradigmas corretos do ponto de vista ambiental nas condutas correspondentes ao aleitamento materno, o que será possível quando existir um tratamento multidisciplinar do assunto, envolvendo tanto os profissionais de saúde quanto os da área de educação ambiental.




    1. Orientação à gestante




O profissional da área de saúde, em sua prática de orientação à gestante na comunidade, não enfatiza que o uso da mamadeira é nocivo à saúde humana e ambiental, por ser confeccionada em plástico, de policarbonato. A ênfase no aleitamento materno recai sobre suas vantagens e demonstra que esse artefato é inadequado substituto do seio materno.

De acordo com João Aprígio de Almeida (1999), os benefícios que a amamentação oferece à mulher, à criança e ao Estado são amplamente difundidos em inúmeras campanhas oficiais de promoção da amamentação.

Os nutrientes do leite humano são encontrados em quantidade e qualidade adequadas ao lactente. Para a população de baixa renda poderá prevenir a desnutrição, para a que possui recursos, prevenirá a obesidade como intercorrência de superalimentação. A capacidade imunológica do leite humano é também constatada por vários trabalhos científicos publicados. A mulher também é favorecida pela boa recuperação pós-parto e pela praticidade que envolve o aleitamento, além de efeito contraceptivo, quando efetuada em livre demanda. Em relação ao Estado, as políticas de promoção e apoio à amamentação, são estratégias eficazes de saúde pública, partindo do microuniverso criança e mulher, existindo o reflexo direto na coletividade, favorecendo gerações de indivíduos mais saudáveis, com resultados positivos para a sociedade.

Reconhecendo como indispensável ao bem-estar humano, foram criadas redes internacionais com a finalidade de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. São expressivas as contribuições da Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar - International Baby Food Action Network (IBFAN) e da Aliança Mundial dos que desenvolvem Ações de Promoção à Amamentação - World Alliance for Breastfeeding Action (WABA). A WABA promove anualmente uma estratégia de mobilização com a Semana Mundial do Aleitamento Materno. A IBFAN amplia a consciência mundial para potenciais danos provocados pela alimentação artificial na infância e atua na sensibilização de autoridades nacionais e internacionais, especialmente a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), quanto à implementação do código internacional de comercialização de substitutos do leite materno para a eliminação de práticas não éticas de mercadização de produtos que interferem negativamente na amamentação, protegendo o consumidor mais vulnerável do marketing de indústrias de alimentos infantis, mamadeiras e bicos.

Já o educador ambiental, que conhece os efeitos complexos de contaminação química do uso e do descarte da mamadeira de plástico, sabe que sua não utilização pela população cria impacto ambiental positivo: menor quantidade de resíduo sólido na natureza e economia de recursos naturais requeridos para seu manuseio. Conhecendo também a importância do aleitamento materno na promoção da saúde humana poderá fomentar enfaticamente sua adoção prática pela comunidade em campanhas relacionadas ao meio ambiente.

É importante que a equipe de orientadores, composta pelos profissionais de saúde e pelos educadores ambientais, sensibilize, conscientize e promova perante a comunidade o resgate do aleitamento materno sob seus inúmeros aspectos, tanto por suas múltiplas vantagens no que diz respeito à saúde e ao ambiente, quanto por fatores econômicos.

Segundo a WABA (1998), a alimentação por mamadeira custa bilhões de dólares às instituições, nações, governos, organizações de saúde e famílias. Existe economia em gastos com saúde porque, em comparação com a amamentação, a alimentação artificial durante o primeiro ano de vida da criança está associada com mais diarréias, mais infecções respiratórias, mais otites, aumento das alergias, maiores desordens digestivas crônicas, problemas dentais e ortodônticos.

A WABA enfatiza que o valor econômico não é o mais relevante neste contexto, mas sim a contribuição da mulher para a sociedade, quando adota o aleitamento materno, porque é de inestimável valor para o equilíbrio dinâmico da humanidade.

De acordo com Arnaldo Carlos Müller (2003), a exposição a compostos tóxicos criados pela indústria alimentar, tanto no seu processo produtivo quanto na confecção de suas embalagens, quando utilizadas – de centenas de produtos químicos diferentes, gera contaminações complexas com impactos ambientais e na saúde, inclusive da mulher que amamenta e por conseguinte para a criança, podendo causar danos graves e permanentes. Analisa a questão agrária e industrial da produção do leite , que degrada áreas nativas para pastagens, com destruição de ambientes naturais e sua biodiversidade. A industrialização do leite de vaca cria problemas ambientais próprios, por exemplo, o processamento de leite em pó demanda muita energia para seu aquecimento, processo de desidratação, é embalado em latas, exige rotulagem, gasto com papel, tintas, caixas de papelão para transporte, combustíveis para a sua distribuição.




2.2 Implicações Ambientais: Aleitamento Materno Versus Uso de Mamadeira




O aleitamento materno é totalmente sustentável em relação à amamentação artificial com leite industrializado e ao uso de mamadeira de plástico de policarbonato. O policarbonato contém bisfenol A, produto químico supostamente nocivo à saúde humana, animal e ambiental. Matéria publicada no jornal New York Times de 18/04/2008, aborda o tema: Canadá proíbe plástico tóxico em mamadeiras e chupetas:

O país se torna o primeiro a atuar sobre o Bisfenol A.[...]

O bisfenol A age no corpo humano como se fosse um hormônio semelhante ao estrogênio.

A exposição a níveis elevados de forma constante pode trazer alterações na produção de espermatozóides, puberdade precoce e risco aumentado de câncer de mama e próstata.[...]

O Wal-Mart, um gigante do atacado norte-americano anuncia que não venderá mais para o Canadá produtos com Bisfenol A, e até 2009, não os terá mais em estoque nos Estados Unidos.

O Bisfenol A está presente em muitos tipos de plásticos, o consumidor pode identificar as embalagens através de um número presente em todas as embalagens plásticas. Esse número geralmente está gravado no fundo da embalagem e identifica o tipo de plástico utilizado em sua composição e sua indicação, ou não, de reciclagem. Os plásticos de números 3 e 7 são os que trazem maior risco de liberarem Bisfenol A após o contato com líquidos aquecidos ou detergentes fortes. [...]


Lembre-se, ainda, que após sua “vida útil'', esse resíduo sólido que contém bisfenol A - mamadeira - teria como destinação final a natureza, o meio ambiente. Sônia Corina Hess, argumenta que:


No Brasil, ao contrário do Canadá, praticamente todas as mamadeiras disponíveis no mercado são feitas de policarbonato, levando aos bebês o risco de desenvolverem doenças desencadeadas pelo bisfenol A (obesidade, hiperatividade e distúrbios de comportamento, diabetes, câncer, puberdade precoce, além de feminização e malformações no sistema reprodutivo de meninos.(HESS, 2008)


O Ministério da Saúde não recomenda o uso de mamadeira durante a amamentação, assim como a introdução do leite industrializado ou de animais na alimentação do lactente. No caso de desmame, o leite materno deve ser oferecido em xícara, copinho ou colher.

Segundo a Norma brasileira para a comercialização de alimentos para lactentes e crianças de primeira infância e de bicos, chupetas e mamadeiras e protetores de mamilos (NBCAL), as regras de rotulagem do Ministério da Saúde, com a finalidade de coibir propagandas que estimulem o consumo de mamadeiras, bicos e chupetas, impõem aos fabricantes, importadores e distribuidores, a exibição de mensagem de advertência na embalagem ou rótulo de seus produtos. Os rótulos devem conter no painel principal, conforme disposto na lei federal n° 11.265/2006, Art. 16, § 1o, que regulamenta a comercialização de alimentos para lactentes e crianças de primeira infância e também a de produtos de puericultura correlatos, o seguinte destaque: "O Ministério da Saúde adverte: A criança que mama no peito não necessita de mamadeira, bico ou chupeta. O uso de mamadeira, bico ou chupeta prejudica o aleitamento materno".

As regras para rotulagem de fórmulas infantis para lactentes e crianças de primeira infância, em relação aos produtos: leite modificado de origem animal ou vegetal são encontradas na Lei Federal nº 11.474, 15/05/2007:


Art.10.[...]§ 1o Os rótulos desses produtos exibirão no painel principal, de forma legível e de fácil visualização, conforme disposto em regulamento, o seguinte destaque: AVISO IMPORTANTE: Este produto somente deve ser usado na alimentação de crianças menores de 1 (um) ano de idade com indicação expressa de médico ou nutricionista. O aleitamento materno evita infecções e alergias e fortalece o vínculo mãe-filho.


Na ausência de mamadeira, previnem-se muitas disfunções no organismo humano, destaca-se na área odontológica e fonoaudiológica, por exemplo, problemas de ordem muscular da face, que geram deformidades orofaciais.

Segundo Gabriela de Carvalho (2003) é fundamental a interdisciplinaridade para o êxito no atendimento dos obstáculos mecânicos à livre respiração e aponta a amamentação como prevenção primária das alterações morfofuncionais comuns na síndrome do respirador bucal e suas consequências sistêmicas.. O respirador bucal orgânico ou genuíno é um paciente que apresenta obstáculos mecânicos que impedem ou dificultam a livre respiração nasal: “Quem respira mal, vive mal” e “Abraço não significa aconchego, é sufoco...” Em função da respiração ocorrer pela boca, desenvolve -se um quadro clínico complexo com muitos sinais e sintomas que afetam a saúde e qualidade de vida de seu portador. Porque não respira corretamente, vive a claustrofobia, seu sono não é reparador, cansa-se com facilidade, não tem disposição para atividade física, se criança e com déficit de atenção, pode gerar baixo rendimento escolar não correlacionado com a capacidade intelectual do estudante. Patologias respiratórias podem ocorrer com muita frequência: rinites, hipertrofia de amígdalas palatinas e faríngeas (adenóides), afecções auditivas, síndrome da apnéia obstrutiva do sono, onde o roncar ocorre em 60% dos casos, manifestações clínicas nas alterações do sono infantil, incluem: pesadelo acompanhado de ansiedade, terror noturno com fala, gemido, choro, sudorese, pilo ereção e taquicardia. Existem alterações alimentares e do apetite, adoção de determinadas atitudes posturais, revelando distúrbios na relação da cabeça com a coluna cervical, deformidades torácicas, alterações envolvendo pés, tornozelos e joelhos, entre muitos outros sintomas dessa síndrome tão complexa.

A OMS, WABA, UNICEF, IBFAN, dentre outros órgãos internacionais promovem o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade. São apontadas inúmeras vantagens com aspectos de relevância incontestes e sustentáveis, como por exemplo, os fatores vinculados a nutrição e imunidade, além dos psicológicos, odontológicos, fonoaudiológicos e econômicos.

Igualmente significativos são os benefícios ambientais, já que o aleitamento materno exclusivo descarta o uso de mamadeiras de plástico e demais substitutos artificiais do leite humano, sem gasto energético para a sua produção e distribuição, e sem geração e acúmulo de resíduos sólidos poluentes.

Aleitamento materno é promoção de saúde e qualidade de vida. O leite materno é programado pela natureza para satisfazer todas as necessidades da espécie. O leite humano é alimento completo para os seis primeiros meses de vida do bebê. As imunoglobulinas presentes em sua constituição fortalecem o organismo da criança. Está disponível a todo o momento, em qualquer lugar, na temperatura ideal e totalmente hígido, dispensando assim, o uso de artifícios sucedâneos tais como as mamadeiras e bicos, e eliminando custos de energia e de recursos hídricos com lavagens e esterilizações, além do tempo exigido de dedicação para cumprir essas tarefas.

Por outro lado, há ganho de saúde, porque o aleitamento materno minimiza os riscos de doenças, evitando gastos médicos com consultas, medicamentos e/ou internações hospitalares. Diante de todos os aspectos acima alinhados, percebe-se necessária a educação ambiental dos profissionais de saúde, os quais já conhecem o tema do aleitamento materno em sua prática. Sua abordagem será mais assertiva, gerando mais sensibilização, quando adicionar às inúmeras vantagens do aleitamento materno o enfoque de que o meio ambiente será poupado de receber o plástico das mamadeiras, e assim toda a comunidade humana, a fauna e seus recursos naturais não sofrerão os efeitos dos produtos e subprodutos derivados de sua degradação.

De acordo com João Aprígio de Almeida (1999), devido aos aspectos sócio culturais, muitas vezes condicionados por pressão das corporações, via mídia, alterou-se o comportamento mais instintivo e natural do ser humano. Esse processo de mudança de comportamento tem suas origens desde a colonização portuguesa, que trouxe para o Brasil o costume da ama-de-leite. Essa figura social assumiu tamanha proporção, que fez surgir o “proprietário das amas-escravas”, negócio mais lucrativo que a plantação de café. Almeida expressa:


Esta nova versão de aleitamento mercenário, impregnada de uma estratégia mercantilista típica do capitalismo, foi exercida no Brasil em um momento histórico muito anterior à chegada dos leites industrializados. É secular, portanto, a tendência de se procurar auferir lucros com práticas que gravitam em torno da amamentação, estimulando propositadamente a instituição do desmame. Logo, é preciso encaminhar melhor, nos dias atuais, a discussão a cerca do quanto às estratégias de marketing são capazes de se apropriar desta secularidade, visando à promoção dos produtos industrializados.


Até mesmo os profissionais de saúde, muito bem intencionados, podem incentivar o desmame precoce, em face de algumas dificuldades frequentemente encontradas por mães inexperientes, por serem também influenciados pelas grandes empresas, sendo até involuntariamente portadores de seu interesse, ou seja, o lucro. Assim, o trabalho de conscientização dessa realidade permeia a todos, desde a gestante, futura mãe, até os profissionais de saúde diretamente ligados ao acompanhamento pré-natal, além de todos os demais agentes voltados para a questão de sustentabilidade e meio ambiente. E esse trabalho consiste em sensibilizar, esclarecer, e estimular a mãe a amamentar dentro dos princípios da sustentabilidade e não gerar resíduos sólidos que afetarão as próximas gerações. O tema aleitamento materno diz respeito a todos nós!




3 Aleitamento Materno, Sustentabilidade e os Objetivos do Milênio




Plenamente aderidos aos objetivos do milênio, que são acabar com a fome e a miséria, educação de qualidade para todos, igualdade entre sexos e valorização da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde das gestantes, combater a SIDA, a malária e outras doenças, qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e todos trabalhando pelo desenvolvimento, estão os temas elencados nesse artigo, que diagnosticou a importância do instrumento da educação ambiental perante as comunidades, sendo essencial para a promoção da saúde humana e ambiental, a partir do resgate do natural e sustentável, evitando danos à saúde, através da prática do consumo consciente. Verificou-se que, somente ocorrerá mudança efetiva, com o auxílio da multidisciplinaridade, através da qual a visão do todo permeará as partes, ou seja, do envolvimento de todos os profissionais de saúde e do meio ambiente que estarão preparados para trabalhar com a população, começando por si mesmos e sua família, amigos, vizinhança, sendo multiplicadores desde seu micro universo comunitário local.

A proposta aqui apresentada se ajusta aos objetivos do milênio, segundo as assertivas abaixo alinhadas:

O primeiro grande objetivo do milênio é a erradicação da fome e da miséria. Dentro desse objetivo, a proposta do aleitamento materno se ajusta de forma complementar. Isso, porque, se uma política pública proporcionar a boa nutrição da gestante, a partir daí esta poderá oferecer o alimento a seu filho, obviamente possibilitando-o usufruir de melhor qualidade de vida e desenvolvimento de seus potenciais, a fim de contribuir para um mundo mais saudável e harmônico. O aleitamento materno ajuda a combater a fome e a miséria, uma vez que proporciona alimento completo e disponível o tempo todo, sem a necessidade de dispor de recursos financeiros para sua obtenção.

O segundo objetivo do milênio, de que seja oferecida uma educação de qualidade para todos, é alcançado pelo aleitamento materno à medida que somente o indivíduo bem nutrido e alimentado é capaz de aproveitar todo o seu potencial de aprendizado. Por outro lado, com relação à questão da multidisciplinaridade ora defendida, ela está inserida nesse segundo objetivo porque, dentro do processo de educação estão todas as orientações necessárias ao bem viver. Educação em todos os âmbitos, inclusive no nutricional, emocional, ambiental e social. Nesse objetivo pode-se orientar a gestante para que viva os aspectos mais naturais do instinto humano e conquiste a plena satisfação de alimentar seu bebê com seu próprio leite. Educar para que possa fazer uma escolha mais consciente de consumo, evitando o descarte de resíduos sólidos com uma amamentação artificial.

O terceiro objetivo, que é o da igualdade entre os sexos e a valorização da mulher, também é alcançado pela proposta do aleitamento materno. Através dessa dinâmica, a mulher pode sentir-se completamente valorizada em sua condição humana e viver a descoberta de seu potencial feminino e criativo. O aleitamento destaca a função maternal como uma das mais importantes para o futuro do ser humano, pois ressalta a dedicação do tempo da mulher nesse aprendizado, e uma mulher que viva em igualdade e valorização poderá obter mais equilíbrio e desenvolver uma relação de cuidado e atenção consigo mesma.

Quanto ao quarto objetivo, o de reduzir a mortalidade infantil, o aleitamento materno está plenamente ajustado. É comprovado, do ponto de vista médico, que o aleitamento materno reduz a mortalidade infantil. O leite humano é o alimento ideal para o bebê, promove nutrição adequada, imunidade, aconchego e afeto. Estabelece o desenvolvimento harmonioso da face, através dos exercícios de ordenha executados durante a sucção no seio materno.

Segundo pesquisa realizada pela WABA:a amamentação economiza recursos em saúde”:


[...]Na Índia, se a amamentação prevenisse apenas um caso de diarréia por criança/ano, o dinheiro economizado seria maior que todo o orçamento nacional de saúde infantil.[...]Infelizmente, muitos países oferecem leites em pó gratuitamente às famílias com crianças pequenas. Isso contribui para a diminuição das taxas de amamentação. Os programas materno-infantil nos EUA gastam o dobro, por mãe que utiliza substitutos artificiais de amamentação, do que o que gastam em alimentos para as mães que amamentam.(13).

Se a prevalência da amamentação exclusiva até 3 meses de idade aumentasse de 60% para 80% na Austrália, seriam economizados cerca de A$11.5 milhões em gastos de saúde com otite media, diabetes mellitus, doenças gastrointestinais e eczemas (14). (1998)



Quanto ao objetivo de melhorar a saúde das gestantes, a proposta aqui inserida satisfaz esse requisito, através da equipe multidisciplinar de orientação, a qual, se for bem preparada, terá condições de auxiliar no processo da promoção integral da saúde. Por outro lado, o aleitamento materno proporciona maior integração entre a mãe e a criança, fortalecendo, assim, os laços afetivos, e, conseqüentemente, melhorando a qualidade da saúde emocional. A gestante sensibilizada, assistida, bem orientada, nutrida e saudável é um ser humano com potencial para estar mais consciente de seu papel pessoal maternal e influenciar positivamente a comunidade. A gestante saudável integralmente tem uma grande oportunidade de gerar um bebê nas mesmas condições.

Dentro do objetivo de combater a SIDA, a malária e outras doenças, o aleitamento materno se encaixa perfeitamente porque sob seu aspecto preventivo, gera a nutrição adequada e faz aumentar a imunidade do sistema orgânico do novo ser humano, que assim estará mais ativado para combater patologias diversas.

Com referência ao objetivo do milênio voltado à promoção da qualidade de vida e respeito ao meio ambiente, a prática do aleitamento materno é natural e traz inúmeras vantagens. É alimento exclusivo do bebê até o sexto mês de vida, e a não utilização de todos os itens do desmame - mamadeira e leites não humanos - economiza muitos recursos energéticos e hídricos, além de não gerar resíduos sólidos poluentes. Assim, o aleitamento materno é muito significativo porque promove qualidade de vida e respeito ao meio ambiente.

Por fim, essa proposta inovadora vai de encontro ao oitavo objetivo do milênio, de conclamar a todos ao trabalho pelo desenvolvimento. Isso porque tem em vista o trabalho multidisciplinar de orientação, sensibilização e conscientização, a fim de, com o aleitamento materno, trazer benefícios à gestante, ao bebê, bem como ao próprio meio ambiente, o que é trabalho em prol da verdadeira sustentabilidade.




4 CONCLUSÃO




Para finalizar, vale ressaltar a atenção que toda a coletividade deve ter ao apelo do consumo desenfreado. As corporações apoiadas, principalmente pela mídia, interferem no comportamento humano, criando desejos e necessidades que, ao longo do tempo, podem gerar atitudes distorcidas em detrimento do mais simples e natural. A necessidade de mudança de paradigma é urgente. A poluição química tóxica gerada pelas indústrias afeta o organismo humano e o meio ambiente, criando patologias com amplitude ainda desconhecidas pela ciência e a população. A defesa de que o aleitamento materno é sustentável em muitos aspectos traz uma contribuição alinhada às propostas mais harmoniosas para um novo momento da humanidade, onde a reformulação da visão com a vivência de valores essenciais precisa ser amplificada com práticas aderentes à realidade. O aleitamento materno promove a saúde humana e ambiental e oferece a possibilidade da formação de seres humanos mais íntegros em sua formação primordial. Fomentar a consciência pública sobre o valor econômico da amamentação versus o alto custo da alimentação com mamadeira e leite artificial é fundamental. A tarefa de disseminação desses conhecimentos diz respeito aos profissionais de saúde, meio ambiente e demais segmentos com acesso a essas informações. A educação ambiental é multidisciplinar e tem papel fundamental de sensibilização e conscientização da comunidade, podendo contribuir expressivamente com essa missão.

O aleitamento materno é indispensável para o desenvolvimento e bem estar humano e ambiental, com verdadeira qualidade de vida. Encaixa-se especialmente nos objetivos da ONU para o milênio. Sem sombra de dúvida, deve ser adotado ao invés da introdução de artifícios, como as mamadeiras e leites modificados que, além de consumirem enormes quantidades de recursos em sua utilização, geram enorme poluição. O resgate do aleitamento materno é indispensável nesse momento de mudanças planetárias e reavaliação de paradigmas com atitude pró ativa visando à sustentabilidade.






REFERÊNCIAS



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AGRADECIMENTOS:





Meus especiais agradecimentos à orientadora Profª. Msc. Eliane Crisóstomo Ribeiro.




Campo Grande, 8 de maio de 2009.




Rossany Cacholi Pignaton













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